I Drink Your Blood

Tem filme que conquista o espectador só pelo trailer. Esse é o caso de I Drink Your Blood: um festival de sangue, gritaria, hippies raivosos e muita perversão típica do cinema underground dos anos 70. O filme é uma pérola, seja pela canastrice dos atores, seja pela história absurdamente bizarra.

I Drink Your BloodUm grupo de hippies satanistas chega a uma cidadezinha do interior tocando o terror na população. Numa certa noite, após perceberem que estão sendo vigiados durante um ritual por uma jovem da região, os homens do bando a estupram após uma perseguição no meio do mato. Ao saber do ocorrido, o avô da moça vai atrás da gangue para prestar contas, mas se dá mal e os hippies dão uma dose de LSD para o velho. Para se vingar, o irmão mais novo da menina violentada injeta sangue de cachorro raivoso em tortas que vende para os delinquentes. Só que o garoto não imaginava que as consequências dessa vingança seria uma cidade inteira contaminada pela raiva.

Essa é a premissa de I Drink Your Blood, que serve um banquete de sangue para os aficionados do terror. Lançado em 1970, o filme é um clássico dos cinemas grindhouse, salas que exibiam filmes de baixo orçamento sem compromissos com a indústria mainstream. O diretor, David E. Durston, não poupa o espectador da violência gráfica, em uma história que começa com um clima de terror e tensão que não desanda nem decepciona. Pelo contrário, impressiona pela sua ousadia e divertimento. Segundo ele, a cena inicial do culto satânico foi criada a partir do relato de um amigo que frequentava uma seita oculta. Sendo verdade ou não, Durston produziu, com pouca grana, uma obra-prima imperdível para quem gosta de terror com temática satânica que não cai nas formalidades de O Bebê de Rosemary. Infelizmente, pelo seu aspecto quase amador, I Drink Your Blood pode não cativar os fãs do cinema de terror atual.

I Drink Your BloodA inspiração do diretor para criar a história veio de um artigo que ele leu sobre um vilarejo cuja população foi infectada pela hidrofobia. Isso, somado aos então recentes assassinatos promovidos por Charles Manson, deu vida ao primeiro filme a receber classificação X (apenas para maiores) nos EUA, com base apenas na violência explícita. Produzido cerca de dois anos após George A. Romero levar Night of the Living Dead às telas, I Drink Your Blood se assemelha aos filmes de zumbis mais recentes, em que os mortos-vivos nada mais são do que pessoas infectadas por alguma doença, sendo, talvez, um dos precursores dessa leva.

Curiosamente, no trailer e em alguns pôsteres de I Drink Your Blood aparecem o nome de outro filme: I Eat Your Skin, um filme de zumbis de 1964 que só foi lançado seis anos após o seu ano de produção e que originalmente se chamava Zombies. O motivo disso é que, a princípio, o filme de Durston se chamaria Phobia, mas os distribuidores acharam melhor renomear as duas fitas para serem uma apresentação dupla, prática corriqueira nas grindhouses da época.

Como entretenimento, I Drink Your Blood não passa de um filme sobre hippies drogados que cultuam o demônio, mas seu subtexto traz o retrato de uma juventude nascida no tenso contexto da Guerra do Vietnã, descrente dos valores e do sonho americano. Uma representação que viria a ser extensivamente explorada pelo cinema de todos os gêneros.

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