The Woman

Sabe aquele filme que você sempre via o poster mas preferia passar direto por achar que é um festival de clichês? The Woman (2011) é um desses filmes. Não fosse o fato de eu chegar em casa dia desses no meio da madrugada e me deparar com as cenas finais ao ligar a televisão, eu continuaria desinteressado. Mas mesmo tendo visto o final, a curiosidade bateu forte e na mesma semana procurei assistir o filme completo.

The Woman é uma produção independente dirigida por Lucky McKee que conta a história de um pai de família, Chris Cleek, advogado de uma pequena cidade dos EUA, que encontra uma mulher no meio das matas onde costuma caçar. Ela tem uma aparência suja e selvagem, vive em uma caverna e se alimenta de animais silvestres. Surpreso com a descoberta, Chris a captura e a leva para o porão de sua casa a fim de domesticá-la com a ajuda de sua família.

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Essa é a premissa deste filme violento, perturbador e misógino. Logo nas primeiras cenas, o espectador é apresentado à família Cleek e se vê diante de personagens claramente problemáticos, tendo à frente o pai dominador e a mãe omissa, interpretada por Angela Bettis num papel insosso e inexpressivo. McKee é inteligente ao mostrar elementos que sugerem, desde o começo, que o filme é uma alegoria do poder masculino sobre a figura feminina, e como o machismo da sociedade está enraizado na estrutura familiar tradicional.

Apesar de ser conhecido como um filme de terror, The Woman é também um forte drama psicológico que retrata a moral decadente da família americana. Dentro desse contexto, descobrimos pouco a pouco os malfeitos do pai, que não se limitam apenas à captura da mulher. Por trás da máscara paternal de bondade, Chris esconde um homem com intenções de cunho duvidoso que leva o espectador a questionar quem é o verdadeiro vilão da história.

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The Woman é sequência de Offspring (2009) e uma adaptação do livro homônimo de Jack Ketchum, que também assina o roteiro ao lado de McKee. Ganhou 13 prêmios em festivais internacionais de cinema, entre eles o de melhor atriz para Pollyanna McIntosh, que interpreta a Mulher, e melhor filme de terror, no Toronto After Dark Film Festival.

Mesmo pecando pelas atuações fracas de algumas personagens, o filme tem um rico subtexto, que pode abrir um leque de discussões sobre questões de gênero, machismo e sociedade. Vale a pena ser visto.

Trailer:

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